sábado, 25 de maio de 2013

Resenha: The Asylum Tapes, a.k.a Greystone Park (2012)

Estréia direcional de Sean Stone, filho do aclamado diretor Oliver Stone.


Todos têm medo de escuro, em diversos níveis.

Você pode até negar no começo, mas repare na próxima vez em que caminhar em um ambiente sombrio, quantas vezes suas mãos percorrerão as paredes em busca de um interruptor. É esse medo primordial que o estreante Sean Stone tenta incutir no público com o seu “found footage” Greystone Park.

Baseado em experiências supostamente reais vividas pela equipe enquanto pesquisavam e exploravam a locação, o real Hospital Greystone Park, em Nova Jersey (fruto de muitas lendas urbanas e histórias de assombrações), o filme abre com um jantar em família e amigos, com a presença do aclamado Oliver Stone à cabeceira da mesa, onde histórias de fantasmas são contadas entre tragos de Narguilé.  Oliver Stone conta a história de “Kate, a Louca”, um espírito maligno com olhos verdes brilhantes que ele teria visto quando criança, enquanto o amigo de Sean, Alex, conta a história do Hospício Greystone Park, que seria um foco de assombrações. Intrigado, Sean junta-se a Alex e uma amiga (provavelmente uma paixonite de Sean, Segundo o filme insiste em mostrar) Antonella para explorar e passar a noite na infame instituição psiquiátrica. A história que mais intriga o grupo e que realmente os leva até o Sanatório é a lenda de Billy Lasher, que seria um interno que fora torturado e submetido a experimentos terríveis e seria um espírito terrível que ainda assombraria o local, com direito a correntes arrastando e tudo. Enquanto o grupo começa a explorar o local, as coisas começam sair do controle e o medo sobrepuja a sanidade do grupo.

O gênero “Found Footage” parece estar estagnado e um tanto insípido e Greystone Park não faz o mínimo esforço para se destacar na multidão, tornando-se mais um genérico (dos piores) de filmes como o sucesso underground “Graves Encounters”.

Stone até tenta misturar Mockumentary, com found-footage, mas o resultado é desastroso e experimental em excesso, misturando imagens de arquivo de suas experiências reais durante a pesquisa, com cenas reais do local e ao mesmo tempo intercalando com cenas muito mal ensaiadas entre o elenco, o que torna as situações muitas vezes confusas ou cômicas. Enquanto exploram o hospital a tensão aumenta, mas esta tensão, o medo e os chiliques constantes do já pequeno grupo tornam-se uma distração irritante, fora os cortes bizarros escolhidos para o filme o que torna muitas boas cenas em experimentos non-sense de cinematografia. Uma das coisas que mais me irritou, também, foi a adição de trilhas sonoras tensas (isso mesmo, trilha sonora) que se misturam aos sons ambientes e confundem ainda mais o espectador que mal consegue enxergar o que tanto os assusta visto que o filme é escuro demais.  Por que acentuar cenas com trilha sonora? Será que eles tentaram fazer funcionar momentos de tensão que não funcionariam nem que colocassem a música mais assustadora do mundo de fundo!?

Tirando o que o filme tem de ruim e péssimo existem momentos genuinamente assustadores, mas apenas se vistos nas condições adequadas, ou seja, sozinho, no escuro, com fones de ouvido ou num bom Home Theater. Outros momentos tensos envolvem uma boa sacada do diretor que é colocar vultos e outras coisas bizarras se arrastando pelos cantos ou por partes do quadro que não estão no foco da ação, criando uma sensação realmente desconfortável. A locação decrépita também dá um ar bem sinistro ao filme, pois, ao contrário de “Grave Encounters”, a maioria das salas do hospício estão imundas, cheias de entulho e em péssimas condições, transmitindo ao espectador um perigo real e tangível.


No geral o filme desagrada, os personagens são arrogantes, afetados e incoerentes, a trilha sonora é fora de lugar e desnecessária, mesmo que o filme navegue mais para “Mockumentary” do que “Found-Footage”.  A música só ajuda na bagunça que é esse filme.

Não existem razões ou porquês na maioria das ações dos personagens, e quase o filme todo se resume a chiliques, possessões cômicas, imagens de sombras sinistras andando pelos corredores e mais e mais imagens de um prédio vazio. Parece que Sean Stone confia demais na locação como protagonista mas se esquece de que um prédio vazio por si só não assusta nem uma criança.

O filme, no geral, passa a sensação de ser um horror experimental malsucedido que culmina numa sequência final totalmente non-sense, ridícula, anticlimática e arrogante, que serve apenas para justificar a presença do papai Oliver Stone no filme, com uma história que apenas ameaça, ameaça, ameaça porém nunca decola.
Nada consegue salvar este projeto de Sean Stone e parece que mesmo tendo um papai famoso, esse menino ainda tem muito, mas muito a aprender.




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